terça-feira, 29 de junho de 2010

Solenidade de São Pedro e São Paulo






Suplemento Homilético

Sagrada Escritura:

Primeira: At 12,1-11
Salmo 33
Segunda: 2Tm 4,6-8.17-18
Evangelho: Mt 16, 13-19

Nexo entre as leituras


A liturgia comemora São Pedro e São Paulo, os dois grandes Apóstolos da primeira comunidade cristã, como mestres e confesores da fé. «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo», proclama Pedro em nome dos demais discípulos, diante da pergunta de Jesus: «E vós, quem dizeis que eu sou?». Esta mesma confissão de fé leva Herodes Agripa a perseguir e encarcerar Pedro para dar satisfação aos escribas e fariseus (primeira leitura). Por sua parte, já no fim da vida, Paulo abre a alma para Timóteo nesta bela e significativa frase: «Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé»; e, alguns versículos mais adiante, «O Senhor esteve do meu lado e me deu forças, Ele fez que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações».

A festa de hoje é por antonomásia a festa da fé: fé pessoal de Pedro e de Paulo em Jesus; fé proclamada e ensinada por ambos, ao longo de trinta anos, até a morte; fé confessada e testemunhada, dia após dia, entre perseguições e consolos, até o derramamento do seu sangue no martírio.



Mensagem Doutrinal


1. Fé pessoal. Em Pedro ela é, talvez, um processo contínuo, desde o primeiro encontro com Cristo, à beira-mar da Galiléia, até o grito entusiasta de «Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo», e o humilde reconhecimento: «Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo». No caso de Paulo, mais do que um processo, é uma irrupção, fulgurante, no caminho de Damasco. Essa fé em Jesus Cristo, que o encadeia com ataduras de liberdade, irá se aprofundando com os anos, e em suas cartas ele irá nos deixando pegadas dela: «Para mim, viver é Cristo, e morrer é lucro», «vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim». Nessa fé pessoal, incomovível, mais forte do que a morte, ambos fundam o seu ensinamento, seu testemunho e sua missão.



2. Mestre da fé. A primeira parte dos Atos dos Apóstolos mostra Pedro, sumamente ativo, pregando o kerigma cristão a judeus de Jerusalém e arredores e a pagãos, como é o caso da família de Cornélio. Proclama com vigor e sinceridade o que crê, e ensina o que viu, escutou e recebeu de seu Mestre e Senhor. Não tem nada próprio a dizer, só o mistério de Cristo que lhe é imposto com a força da evidência e da fé. Paulo tampouco tem nada próprio que dizer, mas só o que recebeu, como dirá aos coríntios. E quando, em algum caso, adiciona algo que não recebeu, ressalta que o faz segundo o Espírito de Cristo, que o possui e impulsiona a falar com autoridade.



3. Testemunhas da fé. As palavras, inclusive as mais sublimes, não serão acolhidas se forem somente palavras e não vida. A exemplo de Jesus, que deu a vida por todos em coerência com a sua pregação e doutrina, Pedro e Paulo culminarão o testemunho de vida cristã morrendo pela fé em que creram, que pregaram e que confessaram por toda a região mediterrânea. O martírio chega a ser, deste modo, o selo da autenticidade da sua fé, a prova segura, para nós, da verdade que eles nos comunicaram e da qual são igualmente colunas inquebrantáveis e perenes.



Sugestões Pastorais


1. Creio... cremos. Como pastores, temos que transmitir a fé da Igreja tal como formulada no Catecismo da Igreja Católica. Para transmiti-la com integridade e convicção, temos de fazer nossa toda a fé da Igreja. Fazê-la nossa com a inteligência, lendo, estudando, meditando as belas e doutrinalmente ricas páginas do catecismo. Fazê-la nossa com o coração, amando de verdade o corpo doutrinal, orgânico, completo, coerente, rejuvenecido e rejuvenecedor da Igreja Católica. Fazê-la nossa com a vida, para não sermos nem aparecermos como pregadores vazios, e sim como testemunhas da verdade eterna, que vem de Deus e que leva a Deus. Equipados com essa fé eclesial, tornada pessoal pela meditação, pelo amor e pelo testemunho, convidaremos nossos fiéis a crer individual e comunitariamente no que a Igreja nos ensina, a amar aquilo em que crêem e a testemunhar em seu mundo familiar e profissional aquilo que amam. E não teremos medo de proclamar, com humildade e com firmeza, as verdades «difíceis», porque o próprio Espírito que nos anima a proclamá-las trabalha eficazmente nos fiéis para que as aco-lham e as vivam.



2. Fiéis ao Magisterio. A Igreja é um corpo vivo, que se constrói com pedras vivas. Todos colaboramos na construção, mas sob a guia e supervisão dos que são sucessores de Pedro (o Papa) e dos demais Apóstolos (os bispos). Como partícipes do sacerdócio de Cristo e colaboradores dos bispos, os presbíteros e diáconos são moralmente obrigados a escutar a voz do Santo Padre, da Conferência Episcopal, do bispo diocesano; a conhecer, estudar, difundir e, se necessário, defender os seus ensinamentos, que são as orientações que eles nos oferecem a serviço da nossa fé e do nosso comportamento moral. Falemos sempre bem, para os nossos fiéis, do Santo Padre, dos bispos; criemos em torno deles um ambiente de respeito, de acolhimento, de disponibilidade, de sincero afeto filial. São homens como nós, mas são, sobretudo, os mestres da nossa fé, os confessores e testemunhas da verdade revelada por Deus em Jesus Cristo, mediante o Espírito Santo.

29 DE JUNHO SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

quarta-feira, 9 de junho de 2010

PENTECOSTES


Pentecostes, do grego, pentekosté, é o qüinquagésimo dia após a Páscoa. Comemora-se o envio do Espírito Santo à Igreja. A partir da Ascensão de Cristo, os discípulos e a comunidade não tinham mais a presença física do Mestre. Em cumprimento à promessa de Jesus, o Espírito foi enviado sobre os apóstolos. Dessa forma, Cristo continua presente na Igreja, que é continuadora da sua missão.

A origem do Pentecostes vem do Antigo Testamento, uma celebração da colheita (Êxodo 23, 14), dia de alegria e ação de graças, portanto, uma festa agrária. Nesta, o povo oferecia a Deus os primeiros frutos que a terra tinha produzido. Mais tarde, tornou-se também a festa da renovação da Aliança do Sinai (Ex 19, 1-16).

No Novo Testamento, o Pentecostes está relatado no livro dos Atos dos Apóstolos 2, 1-13. Como era costume, os discípulos, juntamente com Maria, mãe de Jesus, estavam reunidos para a celebração do Pentecostes judaico. De acordo com o relato, durante a celebração, ouviu-se um ruído, "como se soprasse um vento impetuoso". "Línguas de fogo" pousaram sobre os apóstolos e todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em diversas línguas.

Pentecostes é a coroação da Páscoa de Cristo. Nele, acontece a plenificação da Páscoa, pois a vinda do Espírito sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração, na vida e na missão dos discípulos.

Podemos notar a importância de Pentecostes nas palavras do Patriarca Atenágoras (1948-1972): "Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos". O Espírito traz presente o Ressuscitado à sua Igreja e lhe garante a vida e a eficácia da missão.

Dada sua importância, a celebração do Domingo de Pentecostes inicia-se com uma vigília, no sábado. É a preparação para a vinda do Espírito Santo, que comunica seus dons à Igreja nascente.

O Pentecostes é, portanto, a celebração da efusão do Espírito Santo. Os sinais externos, descritos no livro dos Atos dos Apóstolos, são uma confirmação da descida do Espírito: ruídos vindos do céu, vento forte e chamas de fogo. Para os cristãos, o Pentecostes marca o nascimento da Igreja e sua vocação para a missão universal.

domingo, 4 de abril de 2010

JESUS CRISTO RESSUSCITOU! ALELUIA! ALELUIA!



"
Ele não está aqui, mas ressuscitou" (Lucas 24:6). Jesus ressuscitou! Ressuscitou! Essa palavra ressoa poderosamente atravessando os séculos. Ela pode ter sido a palavra mais poderosa que jamais foi pronunciada. Entre todas as grandes proclamações da História, nenhuma se compara, em grandeza de significação a esta simples afirmação. Esta declaração levou o espanto e a alegria aos seguidores de Jesus. Ela se tor-nou o assunto cen-tral da pregação apostólica. De fato, cada ponto da Bíblia gira em volta desta ressurreição vitoriosa de Jesus Cristo, deixando a sepultura e o poder do diabo que essa sepultura representava. Jesus ressuscitou!

Por causa da ressurreição de Jesus, podemos ter fé, esperança e salvação do pecado. Porque Jesus conquistou a morte, podemos aguar-dar uma vitória eterna sobre a prisão da cova (cf. 1 Coríntios 15). Com este milagre Deus oferece a maior prova da Sua existência, de Seu poder, de Sua pureza e de Seu amor. Tudo o que é bom em Deus é resumido na força desta declaração:
Jesus ressus-citou! Todas as nossas esperanças na eternidade estão contidas nesta simples expressão de triunfo.

Agradeçamos a Deus pelo fato maravilhoso que é a ressurreição de Jesus. Tomemos a resolução de viver cada dia como se-guidores vitoriosos de nosso triunfante Senhor, de maneira que possamos elevar-nos para estar com Ele na Eternidade.

Que estas palavras soem claramente em nossos ouvidos:

Jesus ressuscitou!

por Dennis Allan

sábado, 20 de fevereiro de 2010




Campanha da Fraternidade 2010

Composição: João Rothe Machado / Pe. José Weber, Svd

Jesus cristo anunciava por primeiro
Um novo reino de justiça e seus valores: (mt 4,17)
“vós não podeis servir a deus e ao dinheiro
E muito menos agradar a dois senhores”. (mt 6,24)

Voz de um profeta contra o ídolo e a cobiça:
“endireitai hoje os caminhos do senhor!” (mt 3,3)
Produzi frutos de partilha e de justiça! (lc 3,8.11)
Chegou o reino: convertei-vos ao amor! (mt 3,2)

Não é a riqueza nem o lucro sem medida
Que geram paz e laços de fraternidade; (lc 16,19-31)
Mas todo o gesto de partilha em nossa vida (mc 12,42-44)
Que faz a fé se transformar em caridade. (gl 5,6)

No evangelho encontrareis a luz divina,
Não no supérfluo, na ganância e na ambição.
Ide e vivei a boa-nova que ilumina (mt 7,21)
E a palavra da fraterna comunhão. (mt 18,20)

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2010



A justiça de Deus está manifestada
mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3, 21–22 )

Queridos irmãos e irmãs,

todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida á luz dos ensinamentos evangélicos . Este ano desejaria propor-vos algumas reflexões sobre o tema vasto da justiça, partindo da afirmação Paulina: A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo (cfr Rom 3,21 – 22 ).

Justiça: “dare cuique suum”

Detenho-me em primeiro lugar sobre o significado da palavra “justiça” que na linguagem comum implica “dar a cada um o que é seu – dare cuique suum”, segundo a conhecida expressão de Ulpiano, jurista romana do século III. Porém, na realidade, tal definição clássica não precisa em que é que consiste aquele “suo” que se deve assegurar a cada um. Aquilo de que o homem mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. Para gozar de uma existência em plenitude, precisa de algo mais intimo que lhe pode ser concedido somente gratuitamente: poderíamos dizer que o homem vive daquele amor que só Deus lhe pode comunicar, tendo-o criado á sua imagem e semelhança. São certamente úteis e necessários os bens materiais – no fim de contas o próprio Jesus se preocupou com a cura dos doentes, em matar a fome das multidões que o seguiam e certamente condena a indiferença que também hoje condena centenas de milhões de seres humanos á morte por falta de alimentos, de água e de medicamentos - , mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “suo” que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de facto precisa de Deus. Nora Santo Agostinho: se “ a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu…não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus” (De civitate Dei, XIX, 21).

De onde vem a injustiça?

O evangelista Marcos refere as seguintes palavras de Jesus, que se inserem no debate de então acerca do que é puro e impuro: “Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa tornar impuro. Mas o que sai do homem, isso é que o torna impuro. Porque é do interior do coração dos homens, que saem os maus pensamentos” (Mc 7,14-15.20-21). Para além da questão imediata relativo ao alimento, podemos entrever nas reacções dos fariseus uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingénua e míope. A injustiça, fruto do mal , não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista:”Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl. 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram á lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição ; á lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza. Como pode o homem libertar-se deste impulso egoísta e abrir-se ao amor?

Justiça e Sedaqah

No coração da sabedoria de Israel encontramos um laço profundo entre fé em Deus que “levanta do pó o indigente (Sl 113,7) e justiça em relação ao próximo. A própria palavra com a qual em hebraico se indica a virtude da justiça, sedaqah, exprime-o bem. De facto sedaqah significa, dum lado a aceitação plena da vontade do Deus de Israel; do outro, equidade em relação ao próximo (cfr Ex 29,12-17), de maneira especial ao pobre, ao estrangeiro, ao órfão e á viúva ( cfr Dt 10,18-19). Mas os dois significados estão ligados, porque o dar ao pobre, para o israelita nada mais é senão a retribuição que se deve a Deus, que teve piedade da miséria do seu povo. Não é por acaso que o dom das tábuas da Lei a Moisés, no monte Sinai, se verifica depois da passagem do Mar Vermelho. Isto é, a escuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo e desceu para o libertar do poder do Egipto (cfr Ex s,8). Deus está atento ao grito do pobre e em resposta pede para ser ouvido: pede justiça para o pobre ( cfr.Ecli 4,4-5.8-9), o estrangeiro ( cfr Ex 22,20), o escravo ( cfr Dt 15,12-18). Para entrar na justiça é portanto necessário sair daquela ilusão de auto – suficiência , daquele estado profundo de fecho, que á a própria origem da injustiça. Por outras palavras, é necessário um “êxodo” mais profundo do que aquele que Deus efectuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente a realizar. Existe portanto para o homem esperança de justiça?

Cristo, justiça de Deus

O anuncio cristão responde positivamente á sede de justiça do homem, como afirma o apóstolo Paulo na Carta aos Romanos: “ Mas agora, é sem a lei que está manifestada a justiça de Deus… mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os crentes. De facto não há distinção, porque todos pecaram e estão privados da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, por meio da redenção que se realiza em Jesus Cristo, que Deus apresentou como vitima de propiciação pelo Seu próprio sangue, mediante a fé” (3,21-25)

Qual é portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O facto de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “ a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cfr Gal3,13-14). Mas isto levanta imediatamente uma objecção: que justiça existe lá onde o justo morre pelo culpado e o culpado recebe em troca a bênção que toca ao justo? Desta maneira cada um não recebe o contrário do que é “seu”? Na realidade, aqui manifesta-se a justiça divina, profundamente diferente da justiça humana. Deus pagou por nós no seu Filho o preço do resgate, um preço verdadeiramente exorbitante. Perante a justiça da Cruz o homem pode revoltar-se, porque ele põe em evidencia que o homem não é um ser autárquico , mas precisa de um Outro para ser plenamente si mesmo. Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.

Compreende-se então como a fé não é um facto natural, cómodo, obvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitencia e da Eucaristia. Graças á acção de Cristo, nós podemos entrar na justiça “ maior”, que é aquela do amor ( cfr Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente em todo o caso sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar.

Precisamente fortalecido por esta experiencia, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor.

Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma culmina no Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça. Com estes sentimentos, a todos concedo de coração, a Bênção Apostólica.

BENEDICTUS PP. XVI

Primeiro Domingo da Quaresma


PRIMEIRA LEITURA:

Livro do Deuteronômio:

Assim Moisés falou ao povo:
4“O sacerdote receberá de tuas mãos a cesta e a colocará diante do altar do Senhor teu Deus.
5Dirás, então, na presença do Senhor teu Deus: ‘Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egito com um punhado de gente e ali viveu como estrangeiro. Ali se tornou um povo grande, forte e numeroso. 6Os egípcios nos maltrataram e oprimiram, impondo-nos uma dura escravidão.
7Clamamos, então, ao Senhor, o Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu a nossa voz e viu a nossa opressão, a nossa miséria e a nossa angústia. 8E o Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa e braço estendido, no meio de grande pavor, com sinais e prodígios.9E conduziu-nos a este lugar e nos deu esta terra, onde corre leite e mel.
10Por isso, agora trago os primeiros frutos da terra que tu me deste, Senhor’.
Depois de colocados os frutos diante do Senhor teu Deus, tu te inclinarás em adoração diante dele”.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

SALMO RESPONSORIAL:
SALMO 90:


SEGUNDA LEITURA:

Carta de São Paulo apóstolo aos Romanos:

Irmãos: 8O que diz a Escritura? “A palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração”. Essa palavra é a palavra da fé, que nós pregamos.
9Se, pois, com tua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. 10É crendo no coração que se alcança a justiça e é confessando a fé com a boca que se consegue a salvação. 11Pois a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não ficará confundido”.
12Portanto, não importa a diferença entre judeu e grego; todos têm o mesmo Senhor, que é generoso para com todos os que o invocam.
13De fato, todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

EVANGELHO:

Naquele tempo, 1Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão, e, no deserto, ele era guiado pelo Espírito. 2Ali foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada naqueles dias e, depois disso, sentiu fome. 3O diabo disse, então, a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se mude em pão”. 4Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem’”
5O diabo levou Jesus para o alto, mostrou-lhe por um instante todos os reinos do mundo6e lhe disse: “Eu te darei todo este poder e toda a sua glória, porque tudo isto foi entregue a mim e posso dá-lo a quem eu quiser. 7Portanto, se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu”.
8Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’”.
9Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo e lhe disse: “Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo! 10Porque a Escritura diz: ‘Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado!’ 11E mais ainda: ‘Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”.
12Jesus, porém, respondeu: “A Escritura diz: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’”.
13Terminada toda a tentação, o diabo afastou-se de Jesus, para retornar no tempo oportuno.








Zilda Arns: veja últimas fotos da médica antes do terremoto


Uma bolsa intercalada por linhas verticais pretas e brancas, um caderno amarelo de capa dura e uma máquina fotográfica com diversos registros da visita a um dos países mais pobres da América Latina.

Em um análise descuidada, nada de tão especial assim. No entanto, para o seminarista haitiano Honoré Eugur, esses são apenas alguns dos objetos que o fazem lembrar do inesquecível encontro com a fundadora daPastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, a doutora Zilda Arns, morta no terremoto que atingiu o Haiti em 12 de janeiro.

Eugur chegou ao Brasil na última sexta-feira, acompanhado do padre brasileiro Carlos Martins de Borba, que morava há dois anos e meio em Porto Príncipe. Ambos fazem parte da Congregação dos Oblatos de São Francisco de Sales, que mantinha trabalhos pastorais em "Citi Soleil", uma das maiores favelas da capital haitiana.

Agora, Eugur mora em Viamão, onde deve seguir outras etapas de formação religiosa. Ao desembarcar em solo gaúcho, trouxe consigo os pertences de Zilda; são uma espécie de legado que interessa não apenas à família, mas a uma legião de quase 300 mil voluntários que abraçaram a causa iniciada no Paraná, em 1983.

A irmã Beatriz Hobolt, da Congregação das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, é prima de Zilda. Ela mora em Porto Alegre e está com o material, que deve chegar às mãos da família da médica neste sábado, 20.

Surge a pergunta: como tudo isso foi parar com o seminarista? A história ajuda a construir os últimos momentos de vida da médica sanitarista brasileira que revolucionou a batalha contra a desnutrição infantil.


Visita ao Haiti

Desde 2008, a Pastoral da Criança Internacional (PCI) leva a experiência brasileira para outros lugares do mundo. A ida de doutora Zilda para o Haiti foi motivada exatamente pelo desejo de articular de modo sólido esse trabalho por lá.

"Como trabalhamos muito com causas sociais e eu já tinha a experiência com a Pastoral no Brasil, apoiávamos essa iniciativa. A doutora apontou que os maiores desafios eram a formação de lideranças que implementassem as ações no país, bem como a formação desses mesmos líderes", destaca o padre Carlos.

Os seminaristas dos Oblatos eram alguns dos vários religiosos que participavam de uma palestra com Zilda no momento do território.

"Ela falou muito sobre a importância do acompanhamento da família como saída para o sofrimento do mundo e das crianças carentes. Era uma pessoa com o coração grande e aberto a acolher as situações difíceis", afirma Eugur.

Como eram muitas as perguntas sobre a Pastoral, o haitiano conta que ele e alguns outros presentes conversaram com a médica após a palestra. Como Zilda percebeu que Eugur falava português, pediu que anotasse seus contatos na agenda. "Eu disse que já tinha o contato dela no cartão que havia recebido mas ela insistiu: 'Escreve para mim'", recorda, emocionado.

"Enquanto ela seguia conversando com outras pessoas, ficou cerca de um metrô de distância de mim. Eu anotava os meus dados e nem consegui terminar de escrever o e-mail, pois começou o terremoto", narra.

Eugur baixa o tom da voz ao contar que todos os que cercavam a médica morreram.

"Dá para perceber que era uma pessoa de Deus, pelo seu jeito de ser, de falar. Para mim, ela se tornou um exemplo de como seguir o Evangelho, pois queria que todos tivessem uma vida digna como pessoa, entendia o sofrimento dos outros".

O seminarista garante que pessoas como Zilda não morrem. "Elas continuam vivas, pois a missão continua. Ela agora está feliz no Céu e gostaria que aquilo que começou continuasse", salienta.





Testemunha ocular

A irmã Beatriz Hobolt trabalhou durante mais de 10 anos na coordenação nacional da Pastoral da Criança. Seu engajamento começou na missão começou com um questionamento: "Queria entender porque essas mulheres - que são a maioria, cerca de 92% - eram tão entusiasmadas pela causa".

Ela conta que ficou surpresa pelo carinho, dedicação e entusiamo demonstrados por Zilda, atitudes que se disseminavam entre os voluntários.

"Mesmo com toda a dedicação à família, ela não tinha outra coisa em mente que não fosse salvar as crianças pobres". A irmã ilustra essa afirmação com uma história real: "Um neto dela, com dois ou três anos, perguntou o que era mais importante para a avó. Ela começou a falar sobre os filhos, sobre a família, enfim. Mas o pequeno disse que não, que ele achava que a avó gostava mais do que tudo das crianças pobres. Imagine, se uma criança pequena assim pôde perceber isso!"

De tudo, a irmã guarda um bom orgulho: "de ter tido uma parente tão dedicada", assinala.

Fonte: Canção Nova